sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano novo, vida velha

Obs: Texto originalmente escrito - e publicado no meu outro blog, hoje falecido - em dezembro de 2006.

Tudo pronto para a ceia. Dona Nicota tirava do forno o peru que não fora usado no Natal e o colocava na mesa. Lídia, sua filha divorciada, terminava de varrer a sala. Aos poucos, os familiares que elas haviam visto há uma semana, começaram a chegar.

Silvana, a outra filha de Nicota, chegava com Marcelo, seu marido rico, a quem todos tratavam de dr. Marcelo, mesmo que ele não fosse doutor em nada. Sua filha adolescente, Gabriela, tinha cara de poucos amigos, evidentemente porque queria estar na boate da cidade, onde segundo ela, todos os seus amigos estariam. Já o filho mais novo do casal, Miguel, parecia mais animado. Trazia consigo um laser que ganhara do pai no natal e que, de cinco em cinco minutos apontava para o rosto da irmã, aumentando consideravelmente seu já assustador mau-humor.


sábado, 26 de novembro de 2011

No Country for old Returns - parte final

(Vamos fingir que não faz mais de seis meses que eu publiquei a parte anterior a essa e que o jogo ainda não tenha um ano de idade).

Antes de jogar o DKCR por minha conta, lia vários comentários a respeito da dificuldade elevada do jogo. Segundo constava, era bem mais difícil que a trilogia original. E a trilogia original não é necessariamente fácil. Era assustador, mas esse parecia ser o consenso.

Quando finalmente botei o CD para rodar no meu Wii, tive a reação inicial de concordar. Eu morria em fases do primeiro mundo e isso não acontecia nos três primeiros jogos! Bom, na verdade acontecia quando eu os joguei pela primeira vez, mas era porque eu era muito novo e... não os conhecia bem. Foi quando caiu a ficha. Talvez o DKCR não seja tão difícil assim. Ele só parece ser mais difícil porque não o jogo obsessivamente todos os anos como faço com a trilogia do SNES.


domingo, 20 de novembro de 2011

Devaneios sobre a interação na rede

Dizer que a internet mudou as nossas vidas é talvez o maior clichê da última década. Sim, é uma grande ferramenta, com enorme potencialidade que foi capaz fazer o mundo parecer menor do que costumava ser. Hoje podemos saber o que está acontecendo do outro lado do planeta em um ou dois cliques. A internet é tão foda que até permite que um zero à esquerda feito eu digite algumas obviedades num blog qualquer e as divulgue para o mundo. Sim, ouvimos essa mesma história em praticamente todo texto que se aventure a tratar desse tema. Mas o fato de a história já ter sido contada um milhão de vezes não a torna menos impressionante.

Talvez uma das maiores mudanças que a internet trouxe para nossas vidas diz respeito à forma como interagimos com as pessoas - sejam elas conhecidos da vida real ou não.


domingo, 30 de outubro de 2011

Memória fotográfica

Você passa 15 dias na Europa fazendo turismo. Visita os principais pontos turísticos, tira fotos e enche o saco dos nativos pedindo informações em inglês - sendo que essa nem é a língua oficial do país em questão. Ao voltar para a casa, todo mundo quer saber... tudo! Como são os lugares, como são as pessoas, o que aconteceu de bom, o que aconteceu de ruim, se estava frio, se lá é melhor que aqui e toda a sorte de perguntas que pretende saciar aquela curiosidade natural que todo mundo tem a respeito de algo que só conhece por fotos.

E você, claro, tem bastante coisa para contar. Afinal, foram 15 dias longe de casa, do outro lado do Oceano Atlântico e quase sem contato com o lado de cá da sua vida. São tantas coisas para contar que você não sabe por onde começar. Na verdade, a experiência foi tão intensa que você não consegue transmiti-la oralmente para a parte interessada. E você fica lá, olhando a outra pessoa com aquela cara de "eu-tenho tanto-pra-te-falar-mas-com-palavras-não-sei-dizer" esperando, sei lá, que caia um DVD do céu com todos os melhores momentos da viagem editados, o que facilitaria a explicação. Apesar de DVD nenhum cair do céu, uma hora você se lembrará das fotos que tirou. Claro! Que melhor maneira de apresentar a Europa a uma pessoa que só conhece o continente por fotos senão por fotos?

E aí você mostra as fotos para a pessoa de lugares que ela provavelmente já havia visto por fotos. A diferença é que nas fotos de agora você aparece e isso parece dar mais credibilidade ao negócio. A pessoa vai passando as imagens e, vez ou outra, para pra comentar: "Que legal! Que lugar é esse?" e você simplesmente não sabe responder porque, enquanto o guia explicava a importância histórica e cultural da praça ou do castelo em questão, você estava ocupado demais tirando foto.

Pois é, eu sou daqueles que não conseguem tirar foto e curtir o momento ao mesmo tempo. Se eu estou aproveitando a viagem e tentando observar melhor as coisas a minha volta, eu me esqueço completamente da máquina fotográfica; Se eu invento de tirar foto do monumento, fico concentrado demais no enquadramento e me desligo do ambiante. E aí, quando vou tentar explicar porque aquela estátua ou torre merecia ser fotografada... não sei.

Por isso, é muito raro eu tirar fotos. Apenas em ocasiões especiais (e, mesmo assim, prefiro que outras pessoas fiquem encarregadas disso). Nessa última viagem, precisei tirar, né? Um monte de gente me cobrava "depois quero ver foto, hein?" Tudo bem. Se era foto que queria, é foto que terá. Só não espere receber nenhuma informação extra sobre o "lugar legal" na imagem.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Futuro do pretérito

Acordou, como sempre, às seis horas da manhã. Entrou no banheiro e deu sequência à sua rotina matinal. Ao terminar de escovar os dentes, sua esposa apareceu na porta com um sorriso encantador. O mesmo sorriso que o encantara a quinze anos quando a viu pela primeira vez naquela festa no apartamento do Joca.

- Parabéns, meu amor - disse ela dando-lhe um beijo e um forte abraço.
- Oh! - exclamou ele - tinha até me esquecido.

domingo, 28 de agosto de 2011

Internet x Telefone

- Alô?
- Estavam uma loira, um português e um papagaio num avião...
- Quem está falando?
- Espera, ainda não terminei! Então, estavam uma loira, um português e um papagaio num avião que caiu numa ilha deserta. Qual o nome do filme?
- ... não sei...
- Se você quiser saber a resposta, ligue para outras quinze pessoas e conte essa mesma piada. Depois, digite *550# e desligue o telefone. Você receberá uma ligação com a resposta. É 100% garantido, cara!Agora preciso desligar, faltam ainda quatro pessoas para eu atingir a cota e descobrir a resposta.
...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Um ano de blog: estatísticas, paranóia e conspirações

Em julho de 2010, resolvi criar um blog. E no dia sete desse mesmo mês nasceu o Lacônico-Afônico (eu gosto da sonoridade musical do nome. Sério. Mas, no fim, o nome acabou não tendo nada a ver com o que o blog se tornou de verdade).

No decorrer dos meses, o L-A foi ganhando forma. Fui postanto textos sobre os mais variados assuntos. Alguns eu me arrependi de postar. Outros me dão vergonha quando releio. Mas tem alguns que acabam me surpreendendo: textos que eu pensava ter ficado muito ruins tornam-se decentes numa segunda lida. Às vezes, ao ponto de eu pensar "Uau! Eu escrevi isso?".

Atualmente, a preguiça, a insegurança e a falta de assunto fazem com que eu atinja a incrível marca de um post por mês. É ridículo, eu sei, mas por enquanto eu me sinto vitorioso por não ter deixado passar nenhum mês em branco.

E como todo e qualquer blog pessoal, sem atualizações periódicas, sem divulgação ou público fixo, é de se esperar que ninguém leia esses textos, não é? Ok, o blog é aberto e pode ser caçado vez ou outra pelo Google, mas imagino que alguém tenha que procurar muito para achar esse depósito de bobagens. Será?


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Agora você sabe

Passei dias pensando na melhor maneira de te dizer isso. Precisei de umas boas garrafas de cerveja para tomar coragem. E ainda assim, sei que vou me arrepender pela manhã.

É evidente que algo mudou entre nós. Não tente fingir que não havia percebido. Você não é burra. Talvez você não saiba específicar quando essa mudança ocorreu. Mas eu sei. Me lembro perfeitamente da tarde, a pior tarde da minha vida, quando soube da notícia.

domingo, 22 de maio de 2011

No Country for old Returns - parte 2

Tentando manter o ritmo de pelo menos um post por mês.

O fato é que faz um bom tempo que não jogo mais DKCR. Comecei a jogar outras coisas que nada tem a ver com a série, ou jogos de plataforma em si. Com isso, meu interesse em escrever esse texto minguou. Então, não estranhe se parecer que esse texto foi escrito de má vontade. Porque foi mesmo.


sábado, 9 de abril de 2011

No Country for old Returns - parte 1

Como nos velhos tempos... não?


Eu queria escrever esse texto com calma. Pensar bastante antes de publicar. Mas não deu. Já procrastinei demais e, se não sair hoje, não sai nunca mais. Vai ter que ser de improviso mesmo.

Até a metade do ano passado, Donkey Kong Country era uma série morta. Sim, Donkey Kong protagonizou vários jogos na última década. Mas nenhum deles era "Country". Isso pode parecer besteira, mas faz toda a diferença. O último DKC havia saído em 1996 e o consenso era de que aquele seria o último mesmo. Principalmente depois que a Rare foi comprada pela Microsoft.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Almoço em família

Domingo, meio-dia em ponto. A família está toda em volta da mesa, degustando a sublime macarronada preparada pela avó. A conversa seguia normalmente, girando pelos tópicos de sempre: política, futebol, cinema, música e literatura. Era assim todos os domingos, fizesse chuva ou fizesse sol. A culpa era do avô o sistemático senhor gordo, de 63 anos, e com alguns poucos fios brancos na cabeça, sentado em uma das pontas da mesa. Gostava de ter a família por perto. Pensava que, assim, poderia controlá-los e evitar que fizessem algo errado. Pensava ele conhecer todos os segredos daquelas dez pessoas sentadas à mesa. Ele ficaria surpreso em saber que não.

O próprio avô guardava um segredo que nem mesmo sua esposa, com quem era casado há 35 anos, desconfiava. Aos 25 anos, ele matara seu melhor amigo. O caso causou grande comoção na pequena cidade onde viviam, mas nunca foi solucionado. O avô nunca confessou o crime. Para ninguém. Continuou amigo da família da vítima, consolou os pais do falecido e ajudou a pagar as despesas do funeral. O motivo, só ele e a vítima sabiam. Nenhum dos dois pensava em contar.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Se você pensa em comprar a felicidade...

... primeiro é melhor torcer para que ela nasça.


Nesse último Natal, acabei reassistindo "A Felicidade não se Compra" (It's a Wonderful Life). Filme clássico para o final do ano. A história você conhece (mesmo que nunca tenha visto a obra - a idéia foi copiada, parodiada, reproduzida e adaptada por praticamente todo mundo e é bem provável que você conheça pelo menos uma dessas versões): George Bailey (James Stewart) é um homem bondoso e sempre disposto a ajudar os outros. No entanto, vários problemas surgem na vida dele o que o faz desejar nunca ter nascido. Um anjo aparece e mostra pra Bailey como seria o mundo sem ele: uma merda. Todas as pessoas que ele ama seriam infelizes, o vilão seria ainda mais poderoso porque ninguém teria culhões para enfrentá-lo, etc. Então ele reconhece que tem uma vida maravilhosa, volta a existir e curte seu final feliz ao lado da família e dos amigos.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Frases que odeio...

... mas ouço sempre #3

"Respeito sua opinião."

Essa sempre surge depois de uma discussão mais pesada e quase sempre é mentirosa. O que as pessoas querem realmente dizer é: "Vamos parar por aqui antes que eu arrebente seus dentes com uma marreta, abra sua caixa toráxica com um pé-de-cabra, enfie doze flautas doces pelo seu cu e perca todo o respeito que tenho por você". E é exatamente por isso que ela me incomoda. Por que usar eufemismos? Por que não dizer exatamente o que você quer dizer?

Além de mentirosa, essa frase acaba dando a entender que você precisa respeitar opiniões contrárias às suas. E muita gente passa a exigir respeito às suas opiniões. E, na boa, opiniões não foram feitas para serem respeitadas. Opiniões servem para serem debatidas, argumentadas, testadas, confrontadas, expostas, repensadas e, se depois de tudo isso ela não se sustentar, descartadas sem dó.

E convenhamos: você mesmo não respeita opiniões diferentes. Dependendo do assunto em questão, você costuma:

a) rir de tal opinião
b) sentir raiva de quem expressa tal coisa
c) rolar os olhos e ignorar aquele monte de abobrinhas
d) baixar a cabeça em tom de negação e dizer: "esse aí não sabe nada".

Podem existir outras opções, mas é bem pouco provável que alguma se aproxime a isso: "ah, olha que legal, não concordo com absolutamente nada do que esse cara está falando, mas eu respeito tudo o que ele diz". Viu? Nem faz sentido uma frase dessas.

Outa coisa: você NÃO É a sua opinião. Quando alguém diz que a SUA OPINIÃO é idiota, ela não está, necessariamente, TE chamando de idiota. Muito menos te "censurando" (sério, quando a carta do "respeite a minha opinião" falha, a pessoa sempre vem com o papo de que está sendo censurada). Censurar é não permitir que sua opinião seja acessada por outros. Dizer que ela é uma bosta é só a opinião daquela outra pessoa sobre a sua opinião. A qual você também não precisa respeitar.

Acho que, ultimamente, precisamos respeitar menos as opiniões e mais as pessoas. É só a minha opinião. E ela não precisa ser respeitada.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

E os astecas não voltaram em 2010

Me dei conta de algo interessante hoje: uma grande dúvida da minha infância/pré-adolescência foi respondida no fim do ano passado e eu nem me dei conta disso. Os astecas não voltaram em 2010. Explico:

Há uns bons anos, em alguma sexta série da vida, tive de fazer um trabalho de escola sobre os astecas. Era um trabalho em grupo, na verdade. Então ficou definido que cada integrante seria responsável por pesquisar uma parte diferente da história deles. No meu caso, fiquei com o fim da civilização pré-colombiana. Nada muito complicado. Bastava falar da dominação espanhola, formação do México, etc.