Como nos velhos tempos... não?
Até a metade do ano passado, Donkey Kong Country era uma série morta. Sim, Donkey Kong protagonizou vários jogos na última década. Mas nenhum deles era "Country". Isso pode parecer besteira, mas faz toda a diferença. O último DKC havia saído em 1996 e o consenso era de que aquele seria o último mesmo. Principalmente depois que a Rare foi comprada pela Microsoft.
Mas aí Donkey Kong Country Returns é anunciado. Plataforma 2D. "Country" no nome. Fases com nomes aliterativos. Fases de carrinho. Donkey e Diddy. Enfim, Donkey Kong Country Retornava.
Quando vi, não acreditei. Precisei checar em três sites para cair a ficha. Assisti ao vídeo de divulgação e fiquei com uma ótima impressão. "É por jogos assim que eu ainda jogo videogame", pensei. Até me animei a jogar de novo a trilogia clássica, observando detalhes que poderiam ser melhor explorados num console mais desenvolvido.
Aos poucos, novas informações iam surgindo e eu ia voltando à realidade. Todo o roll de inimigos seria renovado, incluindo o chefe final. Os protagonistas desaprenderiam a nadar e, por isso, nada de fases aquáticas. O rinoceronte Rambi seria o único animal ajudante a retornar, e olhe lá. Cranky seria o único Kong não jogável a retornar, e olhe lá. Produtora nova, vida nova.
Nada do que eu falei interfere na qualidade de um jogo. Não interfere na qualidade desse jogo. Mas prejudica a pretensão de marcar o retorno de uma série moribunda. Esse não era o retorno de Donkey Kong Country. Era uma maneira suja e desleal de enganar os fãs da franquia! De roubarem nosso dinheiro vendendo gato por lebre! Avante, companheiros fãs de DKC! Vamos por fogo na Nintendo! Bom, não cheguei a queimar nada, mas peguei implicancia com o jogo. Antes mesmo dele ser lançado. Decidi boicotar e não ler e nem ver mais nada sobre ele. O tempo passou, o tempo voou e o jogo chegou.
Não estava mais naquela vibe incendiária. Já havia perdoado a Nintendo e a Retro (a verdadeira culpada pelas mudanças que não me agradavam) e estava disposto a dar uma chance ao jogo. Não dá para jogar a água suja da bacia com a criança dentro. Alguma coisa eu ei de aproveitar.
Foi aí que ocorreu aquele momento em que tive de escolher: New Super Mario Bros Wii ou Donkey Kong Country Returns (impressão minha ou esses títulos estão ficando cada vez maiores?). Optei pelo pioneiro. Talvez o NSMBW pudesse me dar uma ideia do que esperar do DKCR.
Sobre isso eu já escrevi. Gostei da forma como o NSMBW conseguiu amarrar elementos dos jogos anteriores e transformar aquilo numa experiência nova. Fiquei satisfeito e coloquei DKCR como o próximo da fila. A chance apareceu bem antes do que eu esperava.
Passei semanas inteiras jogando. Passei semanas inteiras sem jogar. Joguei sozinho. Joguei em dupla. Terminei-o. E ainda não consegui decidir se gostei ou não.
Que é um ótimo jogo, não resta dúvidas. Não é a qualidade dele que está em questão. É o que eu sinto em relação ao jogo.
Já deixo avisado que esse será o tema do próximo texto. Vou destrinchar o jogo, sem me preocupar com spoilers e afins. Farei várias menções à trilogia do SNES, abusarei absurdamente do grau de nerdice e elevarei "falta do que fazer" a um nível cósmico. Vamos ver o que sai...