sábado, 28 de abril de 2012

Varrendo a sujeira para debaixo do tapete

Muita coisa muda durante um processo de produção. Ideias surgem e são descartadas o tempo inteiro. E o resultado final costuma ser bem diferente do primeiro esboço. Isso é normal e saudável. Basta procurar qualquer entrevista em que autores e produtores discutem suas obras para perceber o quanto aquela história que você tão bem conhece e tanto ama poderia ter sido bem diferente.


sábado, 21 de abril de 2012

Quatro meses em um

Pois é. O que eu temia acabou acontecendo mais cedo do que nunca: fiquei um mês inteiro sem postar nada. Aliás, um não. Três. Janeiro, fevereiro e março passaram sem qualquer registro pelo blog. Abril quase teve a mesma sina, não fosse por este texto tapa buraco.

- Enfim, eu tinha dito que tinha planos para o blog. E realmente tinha. Só que era um projeto relativamente grande e, infelizmente, não tenho mais aquela vida de desocupado que tinha antes. Seria uma série de posts sobre um determinado assunto. Não sei se ainda terei fôlego para retomá-la, mas, certamente, o timing já passou.

- Deixei o blog de lado também, em partes, por preferir utilizar meu tempo no computador para trabalhar num projeto pessoal mais ambicioso: um livro de ficção. Não sei se um dia terei coragem de publicá-lo, mas pelo menos produzido ele será.

- E, por conta disso, tenho pesquisado muito sobre ficção em geral. O tema em si sempre foi do meu interesse, mas quando você mergulha num processo de criação deste porte, acaba observando melhor os vícios e percebendo o tipo de coisa que te agrada ou te incomoda. Não é a mesma coisa que esses microcontos meia-boca que costumava publicar por aqui. No caso deles, eram apenas ideias que surgiam na minha cabeça e eu deixava correr. Agora não. É um projeto mesmo. Existe todo um trabalho de manter os personagens, eventos e cenas em constante harmonia.

- O que eu tenho pensado é utilizar o blog de alguma maneira que me ajudasse nesse processo. Talvez publicar alguns posts que discutam algumas ferramentas narrativas. Não que eu ache que alguém vá ler ou comentar, mas pelo menos a) o negócio fica mais publico e cria-se uma chance de diálogo, diferentemente das minhas anotações particulares; b) eu não deixo o blog tão desatualizado e c) os registros ficam aí, para o caso de eu precisar mais futuramente.

- Se isso realmente vingar, pretendo me esforçar para conseguir postar todo final de semana. Se não vingar, vou simplesmente deletar o post e fingir que ele nunca existiu.

- Hum... acho que já tenho um tema para o post da semana que vem...

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano novo, vida velha

Obs: Texto originalmente escrito - e publicado no meu outro blog, hoje falecido - em dezembro de 2006.

Tudo pronto para a ceia. Dona Nicota tirava do forno o peru que não fora usado no Natal e o colocava na mesa. Lídia, sua filha divorciada, terminava de varrer a sala. Aos poucos, os familiares que elas haviam visto há uma semana, começaram a chegar.

Silvana, a outra filha de Nicota, chegava com Marcelo, seu marido rico, a quem todos tratavam de dr. Marcelo, mesmo que ele não fosse doutor em nada. Sua filha adolescente, Gabriela, tinha cara de poucos amigos, evidentemente porque queria estar na boate da cidade, onde segundo ela, todos os seus amigos estariam. Já o filho mais novo do casal, Miguel, parecia mais animado. Trazia consigo um laser que ganhara do pai no natal e que, de cinco em cinco minutos apontava para o rosto da irmã, aumentando consideravelmente seu já assustador mau-humor.


sábado, 26 de novembro de 2011

No Country for old Returns - parte final

(Vamos fingir que não faz mais de seis meses que eu publiquei a parte anterior a essa e que o jogo ainda não tenha um ano de idade).

Antes de jogar o DKCR por minha conta, lia vários comentários a respeito da dificuldade elevada do jogo. Segundo constava, era bem mais difícil que a trilogia original. E a trilogia original não é necessariamente fácil. Era assustador, mas esse parecia ser o consenso.

Quando finalmente botei o CD para rodar no meu Wii, tive a reação inicial de concordar. Eu morria em fases do primeiro mundo e isso não acontecia nos três primeiros jogos! Bom, na verdade acontecia quando eu os joguei pela primeira vez, mas era porque eu era muito novo e... não os conhecia bem. Foi quando caiu a ficha. Talvez o DKCR não seja tão difícil assim. Ele só parece ser mais difícil porque não o jogo obsessivamente todos os anos como faço com a trilogia do SNES.


domingo, 20 de novembro de 2011

Devaneios sobre a interação na rede

Dizer que a internet mudou as nossas vidas é talvez o maior clichê da última década. Sim, é uma grande ferramenta, com enorme potencialidade que foi capaz fazer o mundo parecer menor do que costumava ser. Hoje podemos saber o que está acontecendo do outro lado do planeta em um ou dois cliques. A internet é tão foda que até permite que um zero à esquerda feito eu digite algumas obviedades num blog qualquer e as divulgue para o mundo. Sim, ouvimos essa mesma história em praticamente todo texto que se aventure a tratar desse tema. Mas o fato de a história já ter sido contada um milhão de vezes não a torna menos impressionante.

Talvez uma das maiores mudanças que a internet trouxe para nossas vidas diz respeito à forma como interagimos com as pessoas - sejam elas conhecidos da vida real ou não.


domingo, 30 de outubro de 2011

Memória fotográfica

Você passa 15 dias na Europa fazendo turismo. Visita os principais pontos turísticos, tira fotos e enche o saco dos nativos pedindo informações em inglês - sendo que essa nem é a língua oficial do país em questão. Ao voltar para a casa, todo mundo quer saber... tudo! Como são os lugares, como são as pessoas, o que aconteceu de bom, o que aconteceu de ruim, se estava frio, se lá é melhor que aqui e toda a sorte de perguntas que pretende saciar aquela curiosidade natural que todo mundo tem a respeito de algo que só conhece por fotos.

E você, claro, tem bastante coisa para contar. Afinal, foram 15 dias longe de casa, do outro lado do Oceano Atlântico e quase sem contato com o lado de cá da sua vida. São tantas coisas para contar que você não sabe por onde começar. Na verdade, a experiência foi tão intensa que você não consegue transmiti-la oralmente para a parte interessada. E você fica lá, olhando a outra pessoa com aquela cara de "eu-tenho tanto-pra-te-falar-mas-com-palavras-não-sei-dizer" esperando, sei lá, que caia um DVD do céu com todos os melhores momentos da viagem editados, o que facilitaria a explicação. Apesar de DVD nenhum cair do céu, uma hora você se lembrará das fotos que tirou. Claro! Que melhor maneira de apresentar a Europa a uma pessoa que só conhece o continente por fotos senão por fotos?

E aí você mostra as fotos para a pessoa de lugares que ela provavelmente já havia visto por fotos. A diferença é que nas fotos de agora você aparece e isso parece dar mais credibilidade ao negócio. A pessoa vai passando as imagens e, vez ou outra, para pra comentar: "Que legal! Que lugar é esse?" e você simplesmente não sabe responder porque, enquanto o guia explicava a importância histórica e cultural da praça ou do castelo em questão, você estava ocupado demais tirando foto.

Pois é, eu sou daqueles que não conseguem tirar foto e curtir o momento ao mesmo tempo. Se eu estou aproveitando a viagem e tentando observar melhor as coisas a minha volta, eu me esqueço completamente da máquina fotográfica; Se eu invento de tirar foto do monumento, fico concentrado demais no enquadramento e me desligo do ambiante. E aí, quando vou tentar explicar porque aquela estátua ou torre merecia ser fotografada... não sei.

Por isso, é muito raro eu tirar fotos. Apenas em ocasiões especiais (e, mesmo assim, prefiro que outras pessoas fiquem encarregadas disso). Nessa última viagem, precisei tirar, né? Um monte de gente me cobrava "depois quero ver foto, hein?" Tudo bem. Se era foto que queria, é foto que terá. Só não espere receber nenhuma informação extra sobre o "lugar legal" na imagem.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Futuro do pretérito

Acordou, como sempre, às seis horas da manhã. Entrou no banheiro e deu sequência à sua rotina matinal. Ao terminar de escovar os dentes, sua esposa apareceu na porta com um sorriso encantador. O mesmo sorriso que o encantara a quinze anos quando a viu pela primeira vez naquela festa no apartamento do Joca.

- Parabéns, meu amor - disse ela dando-lhe um beijo e um forte abraço.
- Oh! - exclamou ele - tinha até me esquecido.