Ok, vamos terminar isso ainda esse ano. Voltemos ao New Super Mario Bros Wii. Não pretendo fazer uma análise, revisão, resenha ou seja lá como você goste de chamar. O jogo já saiu faz um ano e todo mundo minimamente interessado nele não só já jogou, como também já terminou e já está jogando outra coisa no momento. São só algumas impressões que eu tive enquanto jogava.
Antes, preciso dizer que esqueci de mencionar algo importante no texto anterior: a grande desculpa utilizada para reviver a série em 2D. Foi o fator multiplayer. O jogo permite que até 4 pessoas joguem ao mesmo tempo. O fato em si não é novidade. Muitos jogos de plataforma arcaicos já permitiam essa colaboração (não quatro pessoas, mas duas). Mas NSMBW soube explorar bem a idéia. Volto a falar disso mais para a frente.
O que eu gosto na série Mario é a facilidade com que ela tem para brincar com a nostalgia alheia. Também pudera. Acho que uns 90% das pessoas nascidas nas décadas de 70, 80 ou mesmo 90 que ainda jogam video game, cresceram jogando Mario. Nesse caso, fazer referências aos jogos antigos (ou nem tão antigos assim) é sucesso garantido. E, claro, esse jogo empresta elementos dos anteriores. Além de apresentar novidades para serem referenciadas pelos jogos que virão depois.
Olhando bem, dá para perceber que NSMBW é uma homenagem a todos os outros jogos 2D da série. Pegando o que cada um dos antecessores teve para oferecer de bom, juntando tudo e reciclando o que ficou datado é uma receita quase infalível para atrair os saudosistas ao mesmo tempo em que não traz aquela sensação de "mais do mesmo". O jogo pode não ter muitos elementos únicos, mas é o único jogo em que você pode ter vários desses elementos ao mesmo tempo. Ou, como eu sempre gosto de falar, inovar sem perder a essência.
Pra mim, talvez, o maior golpe baixo saudosista do jogo foi trazer de volta esses caras:
Saídos diretamente do fundo de algum baú perdido e esquecido
Outra coisa que chama a atenção é a dificuldade do jogo. Eu tinha me esquecido o quanto um jogo de plataforma 2D pode ser frustrante. É bem nostálgico ficar preso numa fase, sem saber se você será capaz de passá-la. É mais emocionante também quando você não sabe o que vem depois. Por mais que eu goste dos jogos antigos, já os zerei tantas vezes que o fator supresa não existe mais. E até que eu estou conseguindo evitar a curiosidade de simplesmente procurar o vídeo do final do jogo no youtube. Não... vou fazer da maneira que deve ser feita.
Falando em dificuldade, o jogo também dá aquela ajuda para quem tiver problemas em alguma fase. Aliás, ajuda não. O jogo PASSA a faze para você. Aparentemente, se você morrer oito vezes consecutiva numa mesma fase, o jogo sentirá pena de você e se oferecerá para "mostrar como se joga". Se você aceitar, ele passa o nível e você terá acesso à fase seguinte. Pra mim, o treco apareceu uma única vez, mas recusei a oferta.
Ah sim. Lembra em Super Mario World quando você entrava numa fase já passada, pegava o poder, apertava start+select e seguia para a fase que você estava tentando passar, devidamente equipado? Então, não funciona aqui. Se quiser sair de alguma fase com os poderes que você, terá que sobreviver à ela sem perdê-lo. E nem tente fazer isso com o Yoshi. O dinossauro-cavalo não te acompanha ao término da fase, ficando restrito a pouqíssimas participações (uma fase por mundo, se muito). No começo não tinha gostado muito dessa mudança, mas agora vejo que era necessária. Esse tipo de coisa fez com que o SMW ficasse fácil demais (não só isso. SMW tem uma série de elementos que boicotavam a própria dificuldade. Não me entendam mal, eu amo SMW, mas esse tipo de coisa fez com que o jogo não envelhecesse tão bem quanto os outros... mas isso já é assunto para outro post).
E quem disse que você precisa, necessariamente, pegar os poderes dentro das fases? NSMBW apresenta uma mecânica semelhante à do Super Mario Bros 3: você pode coletar alguns itens em mini-jogos que aparecem pelo mapa principal e acioná-los quando precisar. Mas é preciso adimitir que no NSMBW esse itens são um pouco mais escassos...
Beleza, agora chega de elogiar o jogo. Vamos tratar das coisas que eu não gostei. Acho que não é muito segredo que "controle" não é o forte do Nintendo Wii. Ah, sim. São bem divertidos para jogar golfe ou boliche, mas bem pouco práticos quando o assunto é jogo tradicional. Em alguns momentos, tenho vontade de plugar meu controle do Playstation e jogar com ele. O maior problema pra mim é que você precisa chacoalhar o controle para dar um tipo de pulo especial. E eu tenho mania de mexer o controle em momentos de grande tensão. O que ocasiona em alguns suicídios não intencionais...
Meu outro problema nem é tão grave quanto este. É mias um resmungo mesmo. Seguinte: quando foi falado que teríamos quatro personagens jogáveis, eu logo pensei: Super Mario Bros 2. Nesse jogo - apenas para um jogador - você pode escolher controlar 4 personagens distintos: Mario, Luigi, Toad e a Princesa. Seria uma ótima idéia fazer com que esses fossem os quatro personagens disponíveis nesse jogo também. Pra mim, pelo menos, seria uma baita referência.
Mas aí descobrimos que os personagens desse jogo serão: Mario, Luigi e... dois Toads? E nenhum deles é o Toad original? Que porra é essa?
Até consigo entender: eles quiseram usar um sistema de cores tradicionais (Mario = vermelho; Luigi = verde; Toad 1 = amarelo e Toad 2 = azul) e a Princesa teria que ser raptada pela 39548a vez. Aliás, na boa, dá uma olhada no vídeo de abertura do jogo. Eles nem fazem mais tanto alarde pelo fato de a princesa ser sequestrada. É só mais um dia comum em Mushroom Kingdom. Note também a facilidade com que isso acontece, mesmo com os quatro heróis do jogo DO LADO DELA! Não dá mais para levar a sério e os próprios responsáveis pelo jogo sabem disso. Quero dizer, essa abertura não tem nem um minuto e eu poderia escrever uma dissertação sobre o quão risível e abusurda ela é. Eles nem tentaram fingir que se importavam.
É por isso que eu acho que deveriam aproveitar e tentar uma história nova. Não precisava ser nada muito profundo, mas mudar o foco de vez em quando é bom. Usemos o SMB3 como exemplo. Nele, Mario precisa salvar alguns reis (?) que foram transformados em animais. E a princesa está o tempo todo disponível, mandando cartinhas e presentinhos. Só quase no final, quando todos os reis já estavam salvos, é que a trama do sequestro se desenvolve. Poderiam tentar algo do gênero, sem o "twist" (muitas aspas) final, possibilitando que a personagem fosse jogável até o fim. Como é que ela pode governar um país (?) se não consegue nem cuidar da sua segurança pessoal?
Os tempos mudaram, Nintendo... hoje as mulheres não precisam mais ficar sentadas esperando para serem resgatadas enquanto os homens têm toda a diversão. Elas podem salvar o mundo também.
Ah, é. Sobre o multiplayer. Fiquei um tempo pensando se é mais fácil jogar sozinho ou com outras pessoas. Ainda não tive a oportunidade de jogar com 3 e 4 personagens, mas já joguei com um segundo player. De fato, os dois acabam se atrapalhando várias vezes. É comum você tentar fazer um pulo complicado ao mesmo tempo que o seu colega e um acabar derrubando o outro. Ou então, no meio do seu pulo, seu colega acaba sendo atingido por algum inimigo. Isso faz o jogo "congelar" por um tempo, o que tira sua concentração e pode fazer com que você acabe caindo.
Por outro lado, tem uma grande vantagem (para mim, pelo menos): se você morrer e o seu colega ainda estiver de pé, você não precisa começar a fase desde o começo. O seu personagem entrará em uma bolha e basta que seu parceiro encoste nela para que vocês continuem a jogar como se nada tivesse acontecido (bom, você perde uma vida e todos os seus poderes, mas continua de onde parou).
Enfim, gostei bastante do jogo. Acho que soube fazer jus à série e eu não me arrependo de tê-lo "ganhado" de Natal. Espero que o Donkey Kong Country Returns siga na mesma linha.
Ufa! Prometo que esse é meu último post sobre video game esse ano. Oh, wait...