Cyrax e Kitana: novidades no próximo MK. Novidades?
Confesso que não estou acompanhando as novidades sobre o próximo Mortal Kombat que estão sendo anuciadas esporadicamente. Pelo menos não com a mesma ansiedade que acompanhei as notícias do último lançamento (por "último lançamento" entenda-se "Mortal Kombat Armageddon". MK vs. DC não conta). Por dois principais motivos, eu creio:
1. Por enquanto, está previsto que o jogo só sairá para PS3 e Xbox 360. E eu tenho apenas um Nintendo Wii. Claro que alguns amigos que possuem qualquer um dos dois consoles vão comprar o jogo e me chamar para jogar, mas não é a mesma coisa. Quando vejo as fotos e os vídeos, não bate aquela sensação de "puta que pariu nem acredito que terei esse jogo em casa para jogar quantas vezes quiser". Porque eu não terei.
2. Vê-se claramente que esse jogo é voltado para aqueles fãs insatisfeitos com os últimos jogos da série. O que definitivamente não é o meu caso. Amo Mortal Kombat Deception, adoro Mortal Kombat Deadly Alliance e gosto do Armageddon (apesar de ter me decepcionado muito com ele). Não que eu não goste dos primeiros lançamentos. O problema é que essa "volta às origens" significa que a série dificilmente terá um jogo 3D de novo. E mesmo com todos os visíveis problemas, eu gostava dos jogos em 3D.
No último texto que escrevi sobre o jogo, já adiantava isso. Essa edição visa resgatar aqueles jogadores que pararam de acompanhar a série depois do Mortal Kombat 3 e adjacentes (Ultimate e Trilogy). Cyrax e Kitana foram anunciados ontem, isto é, todos os personagens revelados até agora fizeram sua estreia na série no era 2D. A princesa edeniana debutou no bem-sucedido MKII, enquanto o cyborg amarelo é da safra do MK3.
Escrevendo assim, parece até que estou odiando o jogo. Não é verdade. Entendo perfeitamente que, para resgatar o sucesso de outrora, os produtores prefiram investir nos elementos que foram bem aceitos pelos fãs naquela época. Foi assim também com os outros jogos que buscavam reinventar a série (Mortal Kombat 4, MK: Deadly Alliance e MK vs. DC). O jogo tem tudo para ser bom e deve, até com certa facilidade, superar o número de cópias vendidas atingido pelos últimos lançamentos.
O problema do Mortal Kombat é que, nos últimos tempos, a série reuniu dois tipos de fãs: os que gostavam de jogar e os que se interessavam pela história. Geralmente, história em jogos de luta é o mesmo que o botão "Scroll Lock" do teclado do computador: você só percebe que tem quando alguém te avisa. Mas a mitologia do MK coseguiu conquistar um legião de apreciadores bastante considerável. Mesmo apresentando inúmeras incosistências, plot holes, retcons e situações ambíguas.
Sim. Eu também gosto da história da série. Sempre gostei de ficção e admiro tramas com muitos personagens que conseguem manter alguma lógica (e apesar dos pesares, a do MK consegue).
A história é o setor que mais sofre com essa política de ressuscitar os personagens populares e desaparecer com os novatos. Os personagens clássicos tendem a ficar com tramas repetitivas e contraditórias, enquantos os novatos nunca são desenvolvidos propriamente.
Ufa! Cheguei onde queria. Os personagens que têm potencial, mas que são sempre preteridos pelos big dogs da série por questões de marketing. Vou listar 10 personagens que, provavelmente, não estarão nesse próximo jogo, mas que eu gostaria de ver em lançamentos futuros. Todos da era pós-MK3.
10. TAVEN E DAEGON
Não se engane. O irmão mais velho é o da esquerda.
A rivalidade entre os dois é até bem interessante. Filhos de um deus com uma profetisa, os dois estavam destinados a reestabelecer o equilíbrio do universo da série (claro que pobres personagens fictícios não seriam capazes de consertar burradas feitas por produtores reais...). No fim, acabou até aparecendo um terceiro irmão - filho bastardo do pai-deus. Mas essa mistura de mitologia grega com novela mexicana ainda não foi além. E eu espero que um dia vá.
9. KAI
Sim, também acho que esse porrete foi uma péssima escolha de arma
É um personagem que, se desenvolvido bem, consegue atrair empatia e identificação. Mas depois do MK4, ele desapareceu no limbo dos personagens esquecidos, voltando apenas para bater cartão em MK: Armageddon.
8. SAREENA
A personagem mais boicotada da série. Depois de Khameleon.
Sareena é um caso bem estranho. Eles estreou no primeiro jogo de aventura da série (Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero), como uma das últimas chefes. Quando o jogador a enfrenta, ele tem a opção de matá-la ou deixá-la viver. Se ele escolhe poupar-lhe a vida, ela volta para ajudar na batalha final (mas acaba morrendo do mesmo jeito logo em seguida).
Se tornou uma das personagens mais populares daquele jogo. Quando começaram a produzir o MK4, cogitaram inserí-la como uma das estreantes. Três personagens do Mythologies foram aproveitados (Shinnok, Quan Chi e Fujin), mas Sareena ficou de fora. Seu primeiro jogo de luta foi Mortal Kombat: Tournament Edition - versão portátil do MK: Deadly Alliance. Foi cotada para o MK: Deception, mas, mais uma vez, foi cortada. Reapareceu no Armageddon, mas sua participação foi bastante confusa.
Basicamente, é isso: os fãs pedem, mas os produtores não cedem.
7. HOTARU
Maníaco por organização. Mortal Kombat style.
Em Mortal Kombat Deception, a história seguiu uma linha diferente do que os fãs estavam habituados. Ao invés do velho bem X mal, foram inseridas algumas sub-plots. Uma delas era a respeito da disputa entre dois reinos: O Reino da Ordem e o Reino do Caos. Hotaru é o general do exército da Ordem. Qualquer um que violar as regras, ele manda prender. Amigo ou não (Shujinko que o diga...).
Em outras palavras, o Reino da Ordem é uma ditadura. E vilões ditatoriais são legais em qualquer história. Em jogos de videogame, melhor ainda. Em jogos de luta então... E num jogo de luta em que você pode arrancar a cabeça do adversário, eles deveriam ser obrigatórios. Mas, falando sério, é uma trama que eu gostaria de acompanhar.
6. NITARA
Ela não brilha no sol
Eu tenho minhas dúvidas com relação à Nitara. Não sei se essa overdose de vampiros que surgiu recentemente é boa ou ruim para a causa dela. Mas eu gostaria de vê-la de novo.
Eu gosto do fato dela ser uma personagem bem atípica. Ela estreou em MK: Deadly Alliance e, durante todo a trama, ela não se envolveu em nenhuma luta. Ela passou o tempo todo manipulando dois personagens (Cyrax e Reptile) para atingir seus objetivos.
Quando ela retornou em MK:Armageddon, muito se especulou sobre qual seria seu papel. Afinal, ela já havia liberado seu reino em MK:DA. Não havia mais nada que justificasse a presença dela. De fato, o jogo não deu nenhuma explicação razoável para a presença dela, mas uma biografia divulgada pelos produtores alguns meses depois revelou qual era a dela. Surgiu uma ameaça aos vampiros. Voltarei a falar sobre isso quando for tratar de outra personagem...
5. DAIROU
Mercenário com passado trágico
Um homem totalmente dedicado a uma causa. Perde a família por conta disso. Rebela-se e torna-se uma pessoa neutra e cínica. Em dado momento, acaba trabalhando para o algoz de sua família. Essa é a história de Dairou. Muito similar à de Scorpion, por sinal. Com uma grande diferença: Scorpion descobriu todo o esquema e, agora, caiu numa rotina de jurar vingança em todo jogo. A trama de Dairou ainda pode se desenrolar e encontrar um desfecho mais interessante.
O problema é que Dairou tem bagagem, mas não teve tempo de exposição suficiente para apresentá-la. Aí ele é visto como um personagem genérico filler, o que não é verdade.
4. MAVADO
O nome e a cara de mau dizem tudo
É comum em Mortal Kombat um personagem popular ser excluído de um jogo. Para não decepcionar os fãs, eles criam um personagem semelhante. Isso não costuma dar certo. Os fãs acabam odiando o personagem-xerox e exigindo a volta do original (o que acaba, invitavelmente, acontecendo no jogo seguinte).
Mavado foi criado para ser um "substituto" de Kabal. Só que, diferente de outros "substitutos", ela apresenta uma história tão (ou até mais) interessante quanto a de seu antecessor. Em MK: Deadly Alliance, Mavado aparece como um vilão frio e calculista, que arma os maiores esquemas para favorecer seu clã criminoso - a Red Dragon.
Porém, antes de a história do MK: Deception começar, Mavado é assassinado por Kabal. Ele volta depois, como se nada tivesse acontecido, em MK: Armageddon. E sua participação não é tão impactante quanto em MK:DA... por isso ele merece voltar. Redenção.
3. LI MEI
Quando meninas precisam virar mulheres
Li Mei representa um tipo de personagem que, não sei como, Mortal Kombat conseguiu viver tanto tempo sem: a pobre garotinha doce e inocente que tem sua vida desgraçada e precisa sair à luta. É como uma versão feminina de Kai, só que com requintes de tragédia.
Em MK: Deadly Alliance, Li Mei tem seu vilarejo destruído pelos vilões da vez. Sem ter para onde ir, ela é informada sobre um torneio. Se vencer esse torneio, talvez ela poderia restaurar seu vilarejo e recuperar sua vidinha pacífica. Ela vence mas... o torneio era uma fraude. E é recebendo vários tapas na cara que ela ganha sua simpatia. Em MK: Deception eles até chegam a insinuar que ela pode não ser tão boazinha assim...
Uma personagem trágica que flerta com o "lado negro da força"? Como eu posso não querê-la em outros jogos?
2. KENSHI
Demolidor?
Um samurai cego, com poderes telecinéticos, um tanto quanto solitário. Kenshi é, sem dúvidas, o personagem mais popular da era 3D. Se me dissessem que um dos personagens dessa lista irá aparecer no próximo Mortal Kombat, minhas fichas iam todas nele.
E não deixa de ser estranha toda essa popularidade de Kenshi. A série tem outro personagem bastante similar a ele: Ermac. Os dois tem, pelo menos, três ataques em comum. E Ermac é tão popular quanto Kenshi. Acho que, nesse caso específico, isso acontece porque é difícil definir quem é cópia de quem.
Ermac debutou primeiro, em Ultimate Mortal Kombat 3. Era óbvio que ele estava lá só para ocupar espaço. Sua história era bem genérica e seus movimentos não diziam muito sobre o que ele era. Mas o movimento mais marcante dele envolvia telecinética.
Quando Kenshi surgiu, sua história nos informou que ele havia aprendido as técnicas de telecinética com Ermac. Então, quando Ermac voltou a aparecer, com um repertório semelhante, não houve contestações.
Sobre a volta do Kenshi em si, não há muito o que dizer. Interessante, popular, tem potencial... merece voltar.
1. ASHRAH
As aparências enganam. Isso é bom.
O que eu gosto na Ashrah é que o design dela não diz nada do que ela realmente é. A foto aí em cima é a versão alternativa, mas na versão oficial, ela aparece toda de branco, com o corpo todo coberto (coisa rara em personagens femininas nos jogos de videogames), e com um chapéu enorme. Praticamente um freira. Soma-se a isso a informação que, seu maior objetivo é "purificar sua alma". Boazinha, não?
Eu só esqueci de avisar que ela é, na verdade um demônio, que trabalhou por um bom tempo como assassina sanguinária de um dos maiores vilões da série (Quan Chi), traiu a confiança dele, fugiu, encontrou um espada estranha, começou a matar outros demônios com ela e percebeu que, assim, sua alma se purificava. Se conseguisse a total purificação, seria expelida do inferno e poderia viver em outros reinos. É a chave que ela precisava para um serial killer viciada em carnificina.
Não só isso. Mas tarde, descobrimos que aquela arma é um artefato criado para assassinar vampiros. Quando ela consegue sua ascenção, chega no melhor lugar para exercer sua nova profissão de caça-vampiros: o reino de Nitara.
E foi aí que a história parou. Surge uma nova rivalidade, entre uma vampira diplomática e uma máquina de matar demoníaca vestida de freira. Aí eu pergunto: como é que eu posso não estar interessado em ver onde essa história vai parar?
Agora chega. Perdi minha noite escrevendo a Bíblia do Nerd de Mortal Kombat, com o blogspot boicotando minha produção a toda hora. Depois arrumo uma conclusão pra isso tudo. Se eu lembrar.