Vagava sem rumo pelo deserto. O que ele fazia lá? Não sei. Nem ele sabe. Mas estava lá, andando sem saber se pro norte ou pro sul (na verdade, ele ia no sentido noroeste, mas isso só nós sabemos). Até que encontrou uma lâmpada.
- Jóia. - pensou - estou a dias perdido no deserto e, tudo o que esse autor de merda me dá é uma lâmpada. Eu quero água, pô! Ou pelo menos sair daqui.
Cala a boca e deixa eu continuar
- Lâmpada, humpft! Vai dizer que, se eu esfregá-la, vai aparecer um gênio? Sua criatividade me fascina...
Esfrega logo essa porra!
Ele esfregou e, surpreendentemente, não aconteceu nada.
- Vá se fuder, seu filho da puta! Por que botou a lâmpada na história então?
Isso foi só pra te lembrar que quem manda nessa história sou eu. Enfim... quando ele esfregou a lâmpada, um gênio apareceu
- Caham! - disse o gênio - você tem direito a três desejos. Entretanto, existem algumas restrições...
- Sei, sei. Você não pode matar ninguém, ressuscitar ninguém e nem fazer alguém se apaixonar por mim. Também não posso pedir "mais três desejos". Eu assisti Aladdin. É da onde esse autorzinho de quinta tá tirando essas idéias...
De repente, um elefante indiano, vindo do nada, caiu em cima da cabeça do protagonista.
- Ei! Isso dói!
Personagem abusado. Seguindo. O gênio então explicou as regras para seu novo amo.
- Eu não posso matar uma pessoa. Eu não posso ressuscitar os mortos. Eu não posso fazer alguém se apaixonar por você. E você só tem direito à três pedidos. Mais nada.
- Hum... ok. Posso pedir já?
- Quando quiser, amo.
- Eu quero ter poderes como os seus. Irrestritos e ilimitados. Sem ser obrigado a obedecer qualquer idiota que saiba lustrar uma lâmpada. E sem essas frescuras de não poder matar, ressuscitar e etc.
O gênio se espantou.
- Uau! Ninguém nunca me pediu isso antes. Não sei se posso realizar...
- Ah, Gênio, qualé? Tu tá matando alguém? Ressuscitando alguém? Fazendo alguém se apaixonar por mim? Então...
- Mas isso equivale à pedir desejos ilimitados.
- Nada disso. Eu não pediria nada. Faria tudo sozinho, sem a tua ajuda.
O Gênio pensou um pouco e chegou à uma conclusão.
- Tem razão. Não tem nada me proiba de realizar esse seu desejo. O que você faz depois com o que pede, não é mais problema meu. Desejo concedido.
- É isso? Quer dizer que agora eu tô todo-poderoso?
- Isso aí. É só mentalizar o que quer e estalar os dedos. Por que não tenta?
Foi o que fez. Mentalizou o que queria e estalou os dedos. Em seguida, o deserto havia se transformado numa bela praia paradisíaca. Apareceram também belas mulheres trazendo as mais deliciosas frutas.
- Show de bola, hein, Gênio?
- Opa! E você tem ainda mais dois pedidos.
- Ah, é, né? Bom, eu vou curtir a praia e as gatas. Se pensar em alguma coisa, te aviso.
Quando estava quase anoitecendo, ele chamou o Gênio.
- Me diz uma coisa... existem outros gênios iguais à você?
- Mas que pergunta... é claro!
- E qualquer pessoa pode encontrá-los?
- Qualquer pessoa.
- E qualquer um que esfregar a lâmpada, pode pedir o que quiser?
- Sim, desde que não seja nenhum dos itens proibidos.
- Eles também podem desejar ser tão poderosos quanto eu?
- Ô se podem!
- E, se por acaso, eles desejarem ser a única pessoa com poderes no mundo? Os meus poderes sumiriam?
- Certamente.
- Então... eu desejo que todas as lâmpadas de gênio do mundo apareçam aqui.
- Que idéia maluca! Pra quê?
- Ora, eu não posso arriscar perder os meus poderes. Se todas as lâmpadas estiverem aqui comigo, ninguém as encontrará. E se ninguém encontrá-las, ninguém poderá desejar que meus poderes sejam anulados.
- Tudo bem.
De repente, uma infinidade de lâmpadas apareceu na praia.
- Puta que pariu! Não sabia que tinham tantas lâmpadas assim!
- A gente se esconde bem.
O protagonista fez aparecer um cofre gigantesco e acomodou todas as lâmpadas dentro dele. Depois, fê-lo diminuir de tamanho e guardou-o no bolso.
- Pronto. Agora meus poderes estão seguros... ei, espera um pouco!
- O que foi? - perguntou o Gênio.
- E se alguém já havia encontrado alguma dessas lâmpadas antes? E se alguém já desejou ser uma pessoa poderosa? Ela poderia anular os meus poderes?
- Hum... depende. Se ela souber usar bem os seus poderes...
- Então estarei um passo à frente. Desejo ser a única pessoa com poderes mágicos da face da Terra.
- Esse cara é doido - pensou o Gênio enquanto realizava o pedido.
- Beleza! - exclamou o protagonita.
- Pronto. Três pedidos feitos, três pedidos atendidos. Agora, se me der licença, voltarei à minha lâmpada.
- Valeu, Gênio!
Assim que o Gênio voltou ao artefato, o protagonista guardou-a junto às outras lâmpadas. Feito isso, virou-se para mim e começou a dizer:
- Preparesse, seu escritorzinho amador. Eu não me esqueci do que você me fez passar no começo da história. Com os meus super-poderes, você não pode me vencer. Vingança, finalmente!
Ei! Mas fui eu quem te fez encontrar o gênio, lembra? E você nem tinha gostado da idéia.
- Isso não importa! Você vai me pagar!
Glup... de repente, o nosso herói percebeu que tudo não passou de um sonho...
- O- o que você está fazendo?
... acordou e percebeu que ainda estava no deserto, vagando sem rumo. Não havia nenhuma lâmpada por perto. E ele não tinha poderes nenhum.
- Filho da puta!