Você passa 15 dias na Europa fazendo turismo. Visita os principais pontos turísticos, tira fotos e enche o saco dos nativos pedindo informações em inglês - sendo que essa nem é a língua oficial do país em questão. Ao voltar para a casa, todo mundo quer saber... tudo! Como são os lugares, como são as pessoas, o que aconteceu de bom, o que aconteceu de ruim, se estava frio, se lá é melhor que aqui e toda a sorte de perguntas que pretende saciar aquela curiosidade natural que todo mundo tem a respeito de algo que só conhece por fotos.
E você, claro, tem bastante coisa para contar. Afinal, foram 15 dias longe de casa, do outro lado do Oceano Atlântico e quase sem contato com o lado de cá da sua vida. São tantas coisas para contar que você não sabe por onde começar. Na verdade, a experiência foi tão intensa que você não consegue transmiti-la oralmente para a parte interessada. E você fica lá, olhando a outra pessoa com aquela cara de "eu-tenho tanto-pra-te-falar-mas-com-palavras-não-sei-dizer" esperando, sei lá, que caia um DVD do céu com todos os melhores momentos da viagem editados, o que facilitaria a explicação. Apesar de DVD nenhum cair do céu, uma hora você se lembrará das fotos que tirou. Claro! Que melhor maneira de apresentar a Europa a uma pessoa que só conhece o continente por fotos senão por fotos?
E aí você mostra as fotos para a pessoa de lugares que ela provavelmente já havia visto por fotos. A diferença é que nas fotos de agora você aparece e isso parece dar mais credibilidade ao negócio. A pessoa vai passando as imagens e, vez ou outra, para pra comentar: "Que legal! Que lugar é esse?" e você simplesmente não sabe responder porque, enquanto o guia explicava a importância histórica e cultural da praça ou do castelo em questão, você estava ocupado demais tirando foto.
Pois é, eu sou daqueles que não conseguem tirar foto e curtir o momento ao mesmo tempo. Se eu estou aproveitando a viagem e tentando observar melhor as coisas a minha volta, eu me esqueço completamente da máquina fotográfica; Se eu invento de tirar foto do monumento, fico concentrado demais no enquadramento e me desligo do ambiante. E aí, quando vou tentar explicar porque aquela estátua ou torre merecia ser fotografada... não sei.
Por isso, é muito raro eu tirar fotos. Apenas em ocasiões especiais (e, mesmo assim, prefiro que outras pessoas fiquem encarregadas disso). Nessa última viagem, precisei tirar, né? Um monte de gente me cobrava "depois quero ver foto, hein?" Tudo bem. Se era foto que queria, é foto que terá. Só não espere receber nenhuma informação extra sobre o "lugar legal" na imagem.